sábado, 22 de maio de 2010

Da sorte.

Eis a fera.
Domada pelo seu indomínio.
Diante dela a bela.
A prova de seu sacrifício.
Sacrifício esse que lhe confere amor,
Sacrificio esse que lhe confere terror,
Sacrificio esse que lhe confere calor,
O calor da paz.
Aquela tão buscada e sonhada fonte,
Onde só e somente só não o faz,
Onde enfim há a morte,
Onde enfim se encerra sua sorte,
Onde enfim encontra sua ponte,
Que o liga ai ao tudo o mais.
É nesse tudo que está sua melhoria.
É nesse tudo que está a sua agonia.
É nesse tudo que está a sua nova genealogia.
O seu renascimento.
O seu novo canto.
O seu novo alento.
O seu novo pranto.
O seu novo sofrimento.
Que por ser justamente novo é mais doce.
Mais forte, mais encantador.
Que por ser justamente mais encantador é mais torpe.
Mais frio, mais destruidor.
E é o ciclo da fera que se encerra com a sorte.
Com o simples encontro com a beleza e a timidez.
A timidez que o revolta, sufoca, engolfa.
Porque ela domina aquele que nasceu para ser indomável.
Aquele que nasceu para amar seus pecados.
Com o furor do bruto
Com o furor do desalmado, do afogado.
Com o furor do ignorante
Com o furor do ódio e seu fruto
O escalpe da esperança, da manseitude, da paz abundante.
Que abunda e deixa transbordar aquilo que nunca foi.
Aquilo que nunca pôde ser.
E que sendo dói.
Morre, empaca.
Destrói e afasta.
Tudo o que sempre foi do resto que lhe sobra.
Tudo o que sempre foi do resto de sua máscara.
Tudo o que nunca tocou com aquilo que agora lhe toca.
Éis a morte, eis a sorte, eis a graça!
A bela ali quieta agora abraça e ampara
A fera enfim conquistada.


Felipe Ribeiro.