domingo, 31 de março de 2013

O todo.

Por léguas, mais léguas...
Os pés invadiram as terras.
Cada passo uma escolha
Indistinta, infundável...
Infindável...
Até o outro passo.
Cada passo uma escola...
Um aprendizado raro, único.
Cada palavra soltada
Cada ato feito
Ou refeito
Ou nem feito.
Cada pensamento que veio
Que foi, que ficou...
Que moldou e revelou
O falso, o verdadeiro.
O presente, o passado, o futuro.
O ato, o fato puro.
Tudo isso e mais um pouco.
Um suspiro, apenas isso.
Um alento da alma.
Um espirro do universo.
Um grão do grão do pó de tudo.
Imerso
Num verso
Num todo
Num mundo
Entre inúmeros mundos.
No fundo de um nada
Obscuro ponto minúsculo.
E nisso tudo
O tudo possível.
Vindo e indo
Num todo provável
Dos amores mais caros
Das idéias mais caras
E das dores mais rasas
O Tudo.
O Todo que contém até o nada.
O nada de ser ninguém mais
Do que você poderia ser.
Eis a fábula!
Aproveite-a, foi você quem fez.
E nessa feitura rara
Todos aqueles que não são o que são
Mas são o que pensam ser.
E serão o que deveriam ser.
No fim tudo isso é passageiro.
E o que foi sempre será, agora.
E o que será está sendo, agora.
E o que está sendo sempre foi, agora.
E o Todo é tudo agora.
Nunca foi nem mais nem menos.
Nunca foi nunca.
Sempre foi sempre.
E, agora, você é eterno.
E eterna são suas dádivas.
Agora.
E sempre.
Mesmo com o findar que vem com as lágrimas.
Mesmo com o voltar que vem com as lágrimas.
Mesmo com o grito do nascido.
Mesmo com o silêncio do falecido.
Mesmo com isso e apesar disso.
Agora será sempre.
E sempre será agora.
O ciclo.
Eterno ciclo.
Dos movimentos insondáveis da Vida.
Da eterna Vida.
Da incansável Vida.
Vivida por nós.

Felipe Ribeiro.


sábado, 30 de março de 2013

As partes.

A terra que há em mim invade
A terra que está sob mim.
Nessa invasão meus passos ecoam
Até findar as pernas
Que levaram a terra que há em mim
Para as terras de todos que estão lá.
A água que carrego em mim
Não supre a sede que em mim há.
Apenas água que está além e fora
Essa sim servirá.
Por isso preciso dos passos
Para nela ir buscar
A saciedade que vive em mim
Apesar de sempre estar lá.
O ar que tanto despejo
Nos meus pulmões malfazejos.
Expelem toda vontade que me faz recordar.
Me impondo sempre o que sou
O que fui
E o que serei
Mesmo se assim não o desejar.
E é o ar que tanto busco
Que me faz caminhar com custo
Atrás da água que, num soluço
Me faz derramar o pranto
Da dor e do explendor de amar.
Terra, água e ar...
Fazem o fogo que habita em mim
Queimar.
E queimando ele extingue tudo
Que há para se queimar.
O que sobra, das cinzar mortas
É o eterno respirar.
É a eterna vigência
Do ali estar
Do ali ser
Do ali se impor
Sempre
Até findar.


Felipe Ribeiro.