quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

livros e mais livros.

Ora muito bem, comecei a trabalhar enfim num ambiente em que eu gosto muito: uma livraria. O problema é que com as livrarias, se é que posso chamar isso de problema, aparecem alguns livros que me fazem pensar muito no porque alguém publicaria tal e tal obra. Por exemplo, um livro que explique algum outro livro de sucesso que nem é tão complicado de se entender obviamente que irá atrair pessoas que não conseguem entender o óbvio. Essa semana tive o prazer de me encontrar com uma dessas não tão raras pessoas que me pediu um livro que era a explicação de um livro que era, por sua vez, a explicação de um outro livro que, por sua vez, nem era tão dificil assim de se entender. Sugeri a essa pessoa que comprasse o livro que foi alvo de duas publicações a seu respeito na tentativa de explicá-lo. Pensei comigo, porque algum autor irá escrever algum livro para só depois escrever outro para explicar o primeiro? Por que não escrever logo de uma vez um livro mais claro? A resposta, obviamente, é que a maioria desses autores escrevem muito para venderem muito e a lógica é simples, os autores tratam as suas próprias inspirações como sendo um produto. O problema dessa lógica é que com ela arrastam-se uma multidão de consumidores famintos por coisas novas e com isso obras que são escritas no intuito de explicar outras retiram dos próprios leitores a responsabilidade e a capacidade de compreensão da própria obra. A sessão de auto ajuda que o diga! Mas é uma experiência que considero de suma importância pois estou percebendo que numa livraria entram pessoas de todos os tipos e que tem gostos de todos os tipos porque ali se encontram livros de todos os tipos escritos por autores de todos os tipos. Você é o que você lê, mas muito mais, na minha opinião, aquilo que você procura ler, ou seja, o motivo de estar lendo isso ou aquilo. E os motivos são infinitos assim como são infinitas as possibilidades que cada pessoa carrega consigo de se melhorar ou não, e isso significa, na minha opinião que, por sua vez, não significa nada, ler por curiosidade e não por comodismo, ler por impulso e não porque simplesmente o livro x ou o y é o mais vendido e o mais positivamente criticado. Felizmente existem muitas pessoas assim, que procuram, fuçam, que simplesmente abrem o livro na primeira página e começa a lê-lo sem o auxílio de axiomas de alguns críticos literários ou de vendedores que estão lá para auxiliar na venda. Em suma, o que se está em questão aqui é a autenticidade da motivação de cada um, se ela pertence de fato a cada um, se ela nasceu da simples curiosidade autêntica, aquela que brota do fundo do ser e que reflete como ele é possibilitando assim a essa autenticidade se refletir nas escolhas de cada um que por sua vez acabam refletindo na postura que cada um carregará diante da vida, diante da feitura do seu próprio destino.

Felipe Ribeiro

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