segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Zyklon B

Já são mais de 02 da manhã...
Não que isso venha a significar alguma coisa,
Mas, enfim...
É na madrugada que o ar esta mais calmo
Com silencio...
Com o frio...
E aquele resto todo...
Voces sabem, aquilo que sobra...
Aquilo que faz voce se levantar da cadeira...
Aquela força emaranhada e curtida pelo tédio...
E, por isso mesmo, tão saborosa.
Neste momento posso senti-la na garganta...
Talvez até mesmo atrás dos meus olhos...
Sinto aquele cheiro caracteristico...
Aquele gosto na língua...
O fim da dignidade...
Ou daquilo que alguém inventou...
Como sendo o maior de todos os caprichos...
A civilidade...
É.. acho que é esse o nome que deram pra tal coisa.
Civilidade, dignidade...
Isso tudo ai, essa convenção barata e vendida...
Oferta e procura...
Quem quer procurar isso é porque necessita disso.
Compra-se isso e vende-se uma imagem...
E ao vender a imagem o cara engorda o seu capital...
O seu capital de mentiras...
Essas forjadas com o molde do forçosamente aceitavel...
E enquanto isso alguém se degenera aos poucos
Cada vez que respira o ar da verdade do mundo
A verdadeira verdade da mentira...
Da hipocrisia necessária...
Que sustenta os alicersses da loucura diária.
Do mundo do faz de conta
Do faz de conta que esta tudo bem
Do tem que rir pra não chorar...
Alguém lembre que as vezes o mais triste de todos
É aquele a quem alegra o mundo.


Felipe Ribeiro

domingo, 28 de dezembro de 2008

A brisa

Por tudo aquilo que não ousei,
Por tudo aquilo que me fez desistir
De mim, de tudo...
Digo-lhes: Não foi em vão.
Tudo me deu forças,
Tudo me arrasou,
Tudo me tornou nada,
Tudo...
E, ainda estou aqui,
Na ativa, quem sabe?
Para que, vai saber!
Destruir o que sobrou?
Recriar o que acabou?
Sofrer pelo que ficou?
Vai saber!
A questão é que ainda estou aqui.
E sinto o tempo passar,
Passar como se fosse uma brisa,
Passar como se fosse o rabo de uma gata no meio de suas pernas.
Sinto-o leve, bem leve.
Talvez por saber que o intervalo que me resta
Seja apenas mais um intervalo aberto
Móvel e fresco na medida em que se queira...
E, por tudo ainda que há de vir,
Por tudo ainda que não sofri,
Mesmo que tenha aquela leve impressão de que vai ser a mesma coisa,
Por todo esse tédio que me come pelas pernas
Por tudo isso é que eu digo: Bem vindo.
Enche-me de algo, ainda que seja brisa,
Mas encha-me...


Felipe Ribeiro

Sobre o mundo

- Cara... O que que é a paixão? - Me pergunta um rapazinho de seus 14 anos numa festa recheada de bebedeiras e músicas horríveis.
- Como é que é o que companheiro?
- Esse negócio de paixão cara... Eu acho que estou apaixonado maluco!
- Ah. Bom, porra... Vamos imaginar o seguinte - Bebo um grande gole de cerveja - voce esta andando de carro a 120 km/h e freia de uma vez e sai pelo para brisa todo arrebentado, sai rolando no chão se fudendo e se quebrando todo... Isso é a paixão.
- Porra... Mas que merda heim?
- É... isso mesmo, uma merda.
- Se a paixão é assim... Deus me livre do amor.
- O amor é um pouco diferente.
- Ah é é?
- É... No amor há cinto de segurança.
- Humm... - me disse o garoto me olhando com aquela cara de parede.
- Entendeu?
- Não.
- Ótimo... é por ae.
- O que?
- Nada, foda-se.


Felipe Ribeiro

sábado, 20 de dezembro de 2008

Dia chuvoso

Dia chuvoso...
Que culpa eu tenho?
Dessa melancolia?
Dia chuvoso...
A cadeira diz "levante-se"...
O corpo diz "deite-se"...
A alma diz "voe"...
Dia chuvoso...
O bom senso me diz para ficar em casa...
Apatetado bom senso...
Que culpa eu tenho?
Dessa melancolia?
Dia chuvoso...
A garrafa diz "beba-me"...
Os olhos dizem-me "chore"...
É o máximo que posso fazer.
É o minimo que posso oferecer.
Pra mim, talvez...
Ou seja lá pra quem quiser.
Que culpa tenho dessa solidão?
Dia chuvoso...
Acompanhe-me Paganini no rádio...
Que culpa temos meu caro?
De estarmos agora juntos pelo nada...
E pelo vácuo absurdo que nos atinge?
Que culpa temos meu caro?
De estarmos até agora mortos em vida?
Que culpa temos dessa chuva?
Desse maldito dia chuvoso?
Porque é que nos afeta tanto?
Que culpa tenho?
E eu sei lá...
Toda?


Felipe Ribeiro

domingo, 14 de dezembro de 2008

Não pensei num título pra isso... Vejo depois.

Ha dias que deveriam durar um segundo. De fato, pensando melhor, existem esses dias. Nós é quem não percebemos. Não sei ao certo se perdemos alguma coisa esquecendo de viver esses dias. Não sei nem ao certo o que é viver, porra. Isso depende, e muito, do grau de valorização que voce põe na vida. E esse grau de valorização depende e muito daquilo que voce vive. Digo, realmente vive, não fingindo para si mesmo que esta dentro do jogo e quer ser mais uma peça obsoleta que vive de engordar a própria vaidade. Entretanto, ainda assim não sei o que é viver, ou melhor, ainda não descobri ao certo o que me motivaria a tanto. À merda com isso também. Agora escrevo para não enlouquecer, ou quem sabe, para não viver a mentira que me espera do lado de fora do meu quarto, aquela mascara que criamos quando mais achamos que precisamos dela. Eis ai um bom momento de se refletir, de preferencia acompanhado por um copo de cerveja, uisque e um cigarro só pra rebater o vicio de se respirar um ar limpo. Em se tratando de esculhambação da vida não temos muito o que aprender desde que aprendemos, por hábito, a mentir a todo o momento para nós mesmos. Para os outros, que se danem, pois eles mentem para mim também a todo o momento. Retribuo na mesma moeda. Um "oi" quando gostaria muito de mandar para a "puta que pariu". Um "tchau" quando gostaria muito de dizer "não vá embora, quero fazer amor contigo a noite toda, não percebeu?" Só pode ser hábito. Ou medo. Mas o medo, a medida que não é superado, vira um outro hábito. Um hábito petrificante diria. Enfim, as palavras me fugiram agora. Vou caça-las e mais tarde, depois de mastigá-las e engoli-las vomitarei aqui de novo. Ou quem sabe, espero elas virem até a mim. Enfim.


Felipe Ribeiro

sábado, 6 de dezembro de 2008

Sobre a dor.

A vida dói.
O nervo exposto.
O dedo em riste.
O toque.
A dor.
A vida dói.
A alma em prantos.
A palavra perfeita.
O assimilar.
A dilaceração.
A vida dói.
A reminiscencia.
O prazer.
A saudade.
O desencanto.
A vida dói.
O vislumbre.
A esperança.
O tornar-se real.
A destruição.
A vida dói.
Em seu todo.
Dói.
Prazerosamente afeta,
Prazerosamente destrói,
Prazerosamente cria,
Constrói.
Por que a vida vive.
Além, muito além.
E, ao mesmo tempo.
Na dor da própria vivencia da vida.
A dor é amiga e inimiga.
Machuca, corrói.
Mas modifica.
Modela.
Fabrica.
Renova.
A estima.
E o resto do que sobra.
Da batalha.


Felipe Ribeiro

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Vai entender!

- Voce não imagina o que eu vou fazer na sexta Felipe!
- Realmente... Não imagino.
- Aquilo que voce tá precisando fazer a um tempão!
- Se suicidar?
- Não engraçadinho.. Vou fazer amor!
-Ah tá... isso.
-Te contei que estou namorando?
- ...
- O rapaz é lindo, inteligente...
-Meio miope também né?
-Como assim?
-Dexa pra lá.
-Então... Voce bem que me queria ha um tempo atras.. lembra?
-Não.
-Ahh seu sem graça! Claro que se lembra, até semana passada tava doido pra transar comigo!
- Olha.. de fato... não me lembro, mas se voce diz.
-Tá vendo Felipe.. voce ficou pra trás!
- Que bom... Maravilha... Agora me diga, quando é que voce vai me esquecer?
-Ahahaha... Eu já te esqueci, só estou jogando na sua cara o quanto voce é incompetente...
-Tá bom... Poxa.. que quer que eu faça? Me ajoelhe e te peça desculpas pelo insensivel filho da puta que sou?
- Não... só de te ver sozinho já me deixa satisfeita. Espero que voce morra na solidão Felipe!
- Tá... tudo bem. Boa sorte na sexta viu?
-Sorte?
-Claro.. Reze pro seu namorado estar completamente embriagado, porque se ele tiver um pouco sóbrio, um pouco que seja, ele broxa.

Quando abri meus olhos minha cabeça latejava e sangrava. A garrafa havia explodido quando a moça soltou com toda a fúria ela no meu globo. Não entendo as mulheres. Realmente, não entendo.


Felipe Ribeiro