terça-feira, 16 de abril de 2013

Ser sendo serei o que será de ser.

Eu já fui a pedra que algum dia alguém irá descansar.
Já fui a água que algum dia alguém irá se salvar.
Já fui o fogo que algum dia alguém irá usar para orar.
Já fui a prece que algum dia alguém irá profetizar.
Já fui o ar que algum dia alguém irá respirar.
Já fui a sombra da árvore que algum dia alguém irá se refrescar.
Já fui tudo o que há de ser e será.
Já fui e estou sendo.
Já.
E agora usufruo de tudo que serei.
E o que serei não dependerá de minhas escolhas.
Da escolha de ninguém.
O que serei será isto.
O já fui, o já sou, o estou sendo.

Eu já fui a corrente que aprisionará.
Já fui o sonho que libertará.
Já fui a carta que emocionará.
Já fui o choro que apaziguará.
Já fui o sorriso que amendontrará.
Já fui tudo de bom, tudo de ruim.
Já fui tudo o que há de ser e será.
Já fui e estou sendo.
Já.
E agora usufruo de tudo que serei.
E o que serei não dependerá de minhas escolhas.
Da escolha de ninguém.
O já fui, o já sou, o estou sendo.

Eu já fui o amante que amará.
Já fui o assassino que matará.
Já fui a mulher que receberá.
Já fui o homem que doará.
Já fui a criança que não se preocupará.
Já fui o adulto que fará.
Já fui o velho que recordará.
Já fui tudo que há de ser e será.
Já fui e estou sendo.
Já.
E agora usufruo de tudo que serei.
E o que serei não dependerá de minhas escolhas.
Da escolha de ninguém.
O já fui, o já sou, o estou sendo.

Eu já fui o erro.
Já fui o acerto.
Já fui a promessa.
Já fui o concretizado.
Já fui o fiasco.
Já fui a fraude.
Já fui o asco.
Já fui a sorte.
Já fui tudo que há de ser e será.
Já fui e estou sendo.
Já.
E agora usufruo de tudo que serei.
E o que serei não dependerá de minhas escolhas.
Da escolha de ninguém.
O já fui, o já sou, o estou sendo.

E quem recordará?
E quem se importará?
E quem vivenciará?
O já sou, estou sendo, já?
De cada um que se improvisará.
Nas inúmeras camadas de ser e vir a ser, o que será?
Será!
Sempre. Será!

Felipe Ribeiro.



segunda-feira, 8 de abril de 2013

As linhas.

Por onde começa?
Por onde termina?
O fio que liga tudo
A todos?
Termina?
Começa?
Não se sabe.
Mas está ai, em toda parte.
Emaranhado, suave.
Está ai, aqui, ali, lá...
Ligando eu a você.
Você a mim.
Eu a todos.
Todos a você.
Todos a todos.
Amém.
O que não se liga?
Não, não existe.
Tudo faz parte do mesmo caminho.
O caminho existe.
Através dele acompanhamos o tudo.
Em embates frenéticos
De medos
Receios
Lucros
De  lutos.
Acompanhamos ele
Com embates suaves
De coragem
Certezas
Solidariedades
De nascimentos.
Essa mistura maluca, confusa.
Que nos obriga a enfrentar
Os nós, os laços,
Dos fios que nos ligam
E que nos afastam.
Mas que nunca nos desconecta.
Nunca nos rompe.
E é por esses fios
Que nós nos montamos.
Remontamos, soberbos.
Nessa feitura maluca e confusa
Tudo esta em todos
Todos estão em tudo
Todos estão em todos
Sem sabermos.


Felipe Ribeiro.