terça-feira, 30 de junho de 2009

Da leveza.

Há a brisa
Há o mar
E há a moça.
Mas os três em separados não são.
Não são aquele espetáculo esperado.
Há o cheiro, há o momento pausado.
E há o encontro do vento.
E a brisa ao rosto
Soprando os cabelos
Agora há a magia, há aquele gosto.
Ei-lá!
Mágicamente leve
Ei-lá!
Magia pura.
Ei-lá!
Navegando a passos lentos
Atravessando a vida
Como uma força maior que o próprio mistério
Como se levada pela Verdade
Como se soubesse de algo a mais
Como se trouxesse a imortalidade
Aos pobres mortais.

Felipe Ribeiro

domingo, 21 de junho de 2009

Aos que voam.

Há pessoas que tem mais vida do que as outras...
São mais leves que o ar...
Mais brilhantes que um raio...
Tão quentes como fogo...
São cintilantes, pequenas estrelas na Terra.
Dançam como uma pluma perdida ao vento...
Não se cansam de encantar...
Há pessoas que salvam o mundo sem ao menos o sabe-lo.
Há pessoas que salvam a si mesmas sem querer.
Vivem apenas todas as intensidades que lhe são permitidas...
Dançam com a vida...
Riem da morte que espera a sua vez de dançar.
São indiferentes a tristeza
Porque o tempo não deve ser preenchido com lamentações.
São pessoas essenciais...
Porque são belas
Porque são arte
Porque são amor
Porque são força
Porque são vida
Porque são leveza
Porque são alegria
Porque são gentileza
Porque são compaixão
Porque são luz...
Luz na escuridão.
Do tédio supremo
Do sim elas são o não.
E do não elas são o sim.
São flechas, pedras.
São a perfuração, o rasgo.
São as que ferem com a maciez
Do toque da magia vital.

Felipe Ribeiro

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Extremus.

Sempre quando tratamos como nunca
É quando nunca tratamos como sempre.
E alguém que trata tudo como nada,
Alguém que trata todos como nenhum,
É um alguém que vê o nada como tudo,
Alguém que vê os outros como ninguém,
É alguém, simplesmente alguém.
Sozinho.
E ninguém é alguém, sozinho.
E sozinho é alguém que não é ninguém.
E assim tratamos os nossos semelhantes.
Ao preço de nunca, nada, basta.
Nos extremos entre o nada e o nada.

Felipe Ribeiro

quarta-feira, 10 de junho de 2009

À moça mais cheia de graça que eu conheço.

Os olhos dela são como doces jaboticabas.
Grandes e flutuantes...
Em meio a pele clara...
E o seu sorriso é como uma espada vibrante...
Corta suavemente o ar, a pele, a alma, a fala...
Sua voz é tímida...
Seus passos poucos...
Sua vontade é mínima...
Seus sonhos loucos...
E em meio as tentativas há a esperança...
E em meio a vida há temperança...
E em suas convulções internas há o quanto pediria...
Para mostrar o quanto poderia, o quanto deveria...
E se sente o calor...
E se sente o valor...
E se sente o terror...
E se sente o amor...
E no fim acaba se sentindo...
Vivo...
Tão vivo que você se sente mentindo...
Para algo mais sublime que a beleza, que a vida...
Para o todo que é visto por sua própria vista...
E é ai que você busca melhorar...
É ai que você busca achar...
O seu melhor.
O seu pior.
Ou o que há.
Se há.
Que seja.


Felipe Ribeiro.

domingo, 7 de junho de 2009

De cada dia.

Aquelas velhas contradições...
Paixões, desejos, terrores...
Tudo isso misturado a projetos de existência...
De valores...
Fundamentais corações...
Murchos ou cheios de vida, clemência...
Vivendo mais um dia...
Esperando mais um brilho, um momento...
Indo e vindo...
Absurdos tormentos...
Bons, ruins, vazios...
E o vinho tinto ali...
Como uma val...
A iluminar o oceano tedioso do mundo...
E dar um vislumbre que seja vital...
Aos bons, aos fracos, aos fortes, aos maus.
Aos que esperam pelo próprio futuro...
Ou a apenas um milagre...
Homens e mulheres com vontade...
Só vontade...


Felipe Ribeiro

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quando se está certo.

Há algo de encantador quando se esta perdido...
Na verdade quando se esta indeciso...
Pois perdida a pessoa nunca esta quando se apaixona...
Aquela sensação, aquele impeto contido...
Aquele suor, e aquela mania maluca de achar que estamos enganados...
A todo o instante...
Não significam nada...
Pois no fundo sabemos muito bem o que queremos...
E talvez seja por isso que nos sentimos tão amedrontados...
Cuidamos de nossos passos
De nossas palavras
De nossos olhares...
Tomamos uma grande parte do tempo em suspensão...
Suspensão que nos deixa parados
Sem nenhum movimento...
Apenas o sorriso amarelo do fracasso
Da raiva interna pela falta de coragem
De seguir firme os gritos da vontade do coração...
E no instante da fagulha nos sentimos perdidos
No instante da fagulha nos sentimos desamparados...
No instante... Pequeno instante...
Ao qual todos vivemos para viver...
Nos sentimos vivos...
Vivos em dor...
Vivemos pela fagulha...
E ela dura o instante da coragem...
Da coragem de cada um...
E também do medo de cada um...
É o único momento em que se confundem essas duas forças...
E o tempo simplesmente é indiferente...
Não quer saber qual das duas prevalecerá...
E é ai que você se sente só...
Pois é daí que parte toda a sua ação...
Toda a sua responsabilidade...
Todo o seu desejo...
Todo o seu medo...
Toda a sua alma...


Felipe Ribeiro