segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O limite do si.

Sofrer é tentador... Ser feliz é uma escolha pra lá de dolorosa. Niguém neste mundo consegue a paz sem levar consigo uma dose de completa insegurança. É no contrário que se busca o certo, e é essa contradição que faz dos homens homens. Um gato não sabe de nada disso, mas, no entanto, ele cumpre seu papel de gato sem ao menos perceber que o faz. O homem tem seu papel também, mas entre ele e o seu cumprimento estão as escolhas. Talvez seja o homem isso, as escolhas que ele faz. E toda escolha abre um campo ilimitado de novas perspectivas, novos meios, novos medos, novos tombos e novas conquistas. Tudo é uma questão de como encaramos o tudo que escolhemos viver. E quando digo que sofrer é tentador não falo de uma teoria abstrata, mas sim na prática. As paixões nos assolam o tempo todo e com elas vem as correntes, as jaulas douradas que nos enganam o tempo todo, que nos tolem e nos faz achar que os limites não são ultrapassáveis. Isso é sofrer, sofrer no gozo, pelo gozo, para o gozo. Ser isso não faz do ser um ser completo, mas antes um ser que busca eternamente a paz. Pascal mesmo já dizia que a vida do homem é isso, aventurar-se para logo cair no tédio. A felicidade é um parto. É dolorosa porque nela há muita renuncia de si. E renunciar-se é mais dificil do que parece porque há na maioria das pessoas o hábito de serem caprichosas, vaidosas, completamente egocentricas e com isso há o enfraquecimento da vontade de ser mais do que se é, porque o limite é sempre imposto pelo desejo de ter atentido tudo o que se quer ser ou ter. Só se é verdadeiramente quando não se é, ou seja, é o contrário do que achamos que somos. É o belo, é a bondade, é o fruto de uma escolha certa que vai contra nossos principios animalescos e egoistas... Como é bom saber disso e como é melhor fazê-lo.


Felipe Ribeiro.

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