sábado, 30 de março de 2013

As partes.

A terra que há em mim invade
A terra que está sob mim.
Nessa invasão meus passos ecoam
Até findar as pernas
Que levaram a terra que há em mim
Para as terras de todos que estão lá.
A água que carrego em mim
Não supre a sede que em mim há.
Apenas água que está além e fora
Essa sim servirá.
Por isso preciso dos passos
Para nela ir buscar
A saciedade que vive em mim
Apesar de sempre estar lá.
O ar que tanto despejo
Nos meus pulmões malfazejos.
Expelem toda vontade que me faz recordar.
Me impondo sempre o que sou
O que fui
E o que serei
Mesmo se assim não o desejar.
E é o ar que tanto busco
Que me faz caminhar com custo
Atrás da água que, num soluço
Me faz derramar o pranto
Da dor e do explendor de amar.
Terra, água e ar...
Fazem o fogo que habita em mim
Queimar.
E queimando ele extingue tudo
Que há para se queimar.
O que sobra, das cinzar mortas
É o eterno respirar.
É a eterna vigência
Do ali estar
Do ali ser
Do ali se impor
Sempre
Até findar.


Felipe Ribeiro.

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