Cansado de fazer nada em casa a noite resolvi sair para fazer nada na rua. Chego ao ponto de ônibus, num frio de rachar os lábios, e encontro com uma vizinha que estava ali esperando o mesmo ônibus que eu. Acho que ela tinha a minha idade, nos conhecíamos tinha no mínimo uns 15 anos, mas nunca fomos de falar muito um com o outro. Ela até que era bonita pensando bem. Bom... talvez a minha seca fosse muita, mas o único problema dela era que ela falava demais. Nesse dia não foi diferente:
-Oi Felipe!
-Oi.
-E ai, fez a matrícula lá na academia?
-Heim?
-Não se lembra da última vez que a gente se viu e eu te disse para fazer musculação?
-Ah... Sim, agora me lembro.
-E ai, fez matrícula?
-Não.
-E a carteira de motorista?
-Bom... estamos ambos no ponto de ônibus, isso já te responde.
-Porque você não faz as mesmas coisas que os outros caras?
-Que coisas?
-Essas coisas normais.
-Normais?
-Aham... Todos os meninos que eu conheço são assim: tem carro, tem onde pegar, trabalham, ganham um dinheirinho bom... Você insiste nisso de ser magro e pobre! Mulher nenhuma gosta disso não viu! Vai lá, faz musculação, compra umas proteinas e engorda. Tira a carteira depois e compra um carro que esse negócio de ficar no ponto de ônibus passando frio não dá mais não...
-Então essa é a fórmula mágica?
-Ajuda...
-Sei.
-Falar nisso onde você vai?
-Vou ver minha namorada. - Menti.
-Ahhh sim...
-E você?
-Vou fazer uns negócios pra minha mãe...
-É... Mesmo porque se você tivesse namorado você não estaria passando frio aqui, não é verdade?
-Não mesmo!
-É...
-Então você tem uma namorada?
-Tenho... Coitada, ela é pobre, gosta de caras magros e sem carteira de motorista... Ela não é normal como você, graças a Deus.
-Você me acha chata?
-Sim, muito.
-É... mas eu falo isso para o seu bem Felipe... Sério, se voce fosse normal teria chance comigo...
-Deve ser por isso mesmo que insisto em não ser normal...
-Você é muito chato mesmo!
-É tanto faz...
-O ônibus está chegando... Vai nesse?
-Não, vou em outro. - Menti novamente.
-Bom... Até mais.
-Até.
Felipe Ribeiro
domingo, 6 de junho de 2010
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Um comentário:
"-É... mas eu falo isso para o seu bem Felipe... Sério, se voce fosse normal teria chance comigo..."
AHAHA, a última batatinha do pote
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