Já cheguei a diversas conclusões em minha vida, todas de uma profunda contradição interna que beirava o absurdo. Logo vi que o absurdo também era outra conclusão contraditória, talvez pelo fato mesmo de não ser nem ao menos uma conclusão, apenas e tão somente uma espécie de placebo para minha mente, um remédio inventado pela força da fé que carregava em mim e que não tinha a coragem de conceber.
Há alguns anos pensava muito sobre qualquer coisa a ponto de chegar a conclusões racionais puramente fechadas sobre si mesmas mas de tamanha coerência que me assutava o fato de eu ter razão sobre algumas coisas. De fato me assustava porque não poderia aceitar aquilo como aquilo se mostrava, com a sua coerência fria, infecunda, cortante, prática, egocentrica e fechada. Alguma coisa gritava silenciosamente para minha consciência dizendo que não era só aquilo, não poderia ser só aquilo. Essa voz vinda de algum lugar foi me irritando ao ponto de eu apenas escutá-la e nada mais. Dei o braço a torcer para ver o que aconteceria. Pari minha fé nesse dia, dei nome a ela, comecei a cuidar dela depois de um longo tempo de gestação. Era um ser estranho, nunca havia o visto mas confesso que não teria como ser mais familiar para mim. Saiu de mim e me disse: "Até que enfim! Andemos juntos agora, sem eu pesar a você e sem você pesar a mim!" E foi nesse ponto que a coerência espantosa do mundo e todo o seu mistério aparente começaram a fazer algum sentido, mesmo que ainda não entendido, para mim. Foi então que reparei que a maioria das pessoas carregam sua fé como um peso morto. Algumas jogam fora a fé pelo caminho para se sentirem mais leves, mas logo em seguida procuram desesperadas por ela. Outros jogam tudo em cima da pobre fé, sobrecarregando a ela e a si mesmos. Alguns tem tamanho respeito por sua fé que a deixam sentada num altar e prestam culto a ela, engordando-a e deixando-a sedentária. Outros andam com ela, caminham com ela, são um com ela. A minha anda agora fora de mim, mas caminha perto de mim, as vezes me chama para eu ver alguma coisa, as vezes eu a chamo para me ajudar em outras. Deixo-a livre para que ela se fortaleça por conta, deixo-a por conta para que a confiança nela se estabeleça fortemente. Acredito nas coisas que ela me mostra e ela acredita nas coisas que eu peço, e assim pedindo eu vou sabendo o que me falta e assim recebendo vou sabendo o que me faz mais feliz. Quando não recebo fico a analisar o que peço e percebo que o que peço não faz parte de mim. E assim vou acabando com a minha falsa vontade, com os meus caprichos, confiando no que a fé me mostra, mesmo não sendo aquilo que pensava que poderia ser. Se conselhos servem para alguma coisa aconselho a deixar parir a fé que insiste em gritar com você; aconselho a ouvi-la, aconselho a deixar que ela te guie ao que você é, ao que você sempre foi e sempre será. Não confunda você com aquilo que fazem de você, não cofunda nem mesmo o que você faz de você mesmo com você mesmo. Apenas saiba e acredite, ouça e acredite, acredite e ouse, ouse e seja, seja e liberte-se, liberte-se e triunfe.
Felipe Ribeiro
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
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