terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Prognóstico.

Devo muito há muita gente. Todos devemos algo para alguém e alguém sempre irá dever alguma coisa a você. Os amigos, a namorada, as cunhadas, a família e até mesmo o estranho que lhe dê um olhar na rua, todos estão em dívida com todos. Mas a cobrança delas sempre será sutil, sempre será necessariamente uma cobrança que o tempo irá cobrar e que você irá pagar, escolhendo ou não. O meu prognóstico é de um eterno devedor e um eterno pagante. Foram todos que me fizeram e fui eu quem me fiz em todos. E nessas dívidas impostas pela vida e pelo acaso saímos sempre no lucro, mesmo no atraso de alguma prestração. Há alguma compensação no retorno do crédito que colocamos na vida, e essa compensação tem nome, se chama experiência. Ela quem irá te fazer rico, cada vez mais rico. Nunca pobre, nunca. A pobreza vem da fraqueza de caráter de encarar tudo que lhe vêm em cada respiração que você se compromete a dar. Essa fraqueza é fortalecida pelo fato único de pensarmos que somos intocáveis. Intocáveis! 
O toque há em diversos níveis, pense em alguém e estará tocando-lhe com os pensamentos, olhe alguém e estará tocando com o olhar, fale com alguém e estará tocando-lhe com as palavras, ouça alguém e estará tocando-lhe o coração.
Não há nenhuma barreira que poderá proteger você do seu destino. E o seu destino é o mesmo destino de qualquer pessoa que é estar sempre em dívida pelo toque que você dá, pelo toque que você oferece e até mesmo pelo toque que você nega. É negando o toque que você estará disposto a se tornar intocado. E estar disposto a isto é o mesmo que uma planta estar disposta a ficar sem água.
Então toquemo-nos para permitir a troca, por nos permitir a abertura de consciência que isso trará, pela possibilidade da beleza ou da feiura que isso acarretará, mas pela possibilidade de ser isso o que nos transformará, paulatinamente, naquilo que podemos ser de melhor para os outros e para nós mesmos.


Felipe Ribeiro.




segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Vida.

Bela é a vida...
É nela que se encontra tudo de bom
A gente mesmo só tira proveito
Se quiser e se tiver o dom.
 
A vida amassa, torce, esmaga.
Nós tentamos relaxar.
A vida molda o caráter.
Nós o despertar.
 
É no despertar que vemos o que há
E o que há pra se ver ai está!
Firme e forte no ar...
Sutil, tão sutil
Que nem sequer chegamos a notar.

E por não notar nos culpamos
E na culpa escapamos
De tudo que poderia ser nosso
Legitimamente nosso
Seja dor, prazer, amor.
Seja o "eu quero" e o "eu posso".

Não meu, não teu... Mas nosso!
Por que a responsabilidade está em todos.
Está naqueles que sabem amar.
E está adormecida em nossos medos,
Imersa na criança em que todos habita.
Inserida nos sonhos de quaisquer anseios.
Nos anseios lindos que não suportamos criar.


Felipe Ribeiro.

Daquilo que seria, se fosse.

Que saudades que tenho!
Daquilo que não vivi.
Daquilo que me fez por hora.
A pessoa que não escolhi.
Que saudades que tenho!
Do ontem, que foi o que me fez hoje.
E do amanhã que me fará talvez.
Saudades do hoje não sei se teria.
Por que é nele que o tudo estaria
E quem vive o tudo vive todo.
Vive plenamente, sem idéia de um quase.
E é no quase que existe a saudade.
É no passado que já virou passado
Mas que insiste em ser presente.
É na memória insistente.
Que perfura a vontade.
E que nos deixa ausente, muito tarde.
Do verdadeiro tempo.
Que é o agora, o justamente agora.
Onde existem todas as possibilidades.
Todos os caminhos.
Todas as saudades, para aqueles que não souberam aproveitar,
O presente que a todos se dá,
A todo o momento,
Presente.

Felipe Ribeiro.

ps. Agradecimentos à mola propulsora de minha inspiração para este poema, Leon de Aguiar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Por aquilo que me faz acordar todos os dias.

Ela sorri.
Não de si ou dos outros, ou para os outros ou para si.
Isso não importa, de fato o motivo é o que menos importa.
Para que motivo para a beleza, para o devir?
Sendo que são eles os que fazem a razão ficar torta,
Não reta,
Não justa,
Não certa.
Mas caminhando por caminhos suaves,
Caminhos de nuvens de possibilidades
De encantos e desencantos ultra-velozes!
O que faz a imaginação voar.
E com ela a liberdade, aquela de imaginar...
Aquela que só existe lá.
Nas noites escuras da alma para o homem de bem
Cansado, atarefado, estafado...
Que não procura seu ópio, não...
Essa liberdade não liberta, só prende na ilusão...
Mas sim que procura na imaginação constante
A criação vibrante
Ofegante, cintilante, nauseante!
Que o tira da degradação, da humilhação
E o torna senhor de si, dos seus sonhos
Da sua própria criação.
E se sua criação escoar para o sorriso dela.
Aquele sorriso singelo, bobo, sem motivação.
Então o mundo se tornará mais belo.
Aquele belo sem demarcação.
Aquela fissura entre o sim e o não
Entre os medos e as certezas mais inoportunas
Aquele que fala direto ao coração.


Felipe Ribeiro.