sexta-feira, 19 de julho de 2013

O que liberta.

A vida é a troca de tudo que existe
E que só nos é emprestado
Matéria útil que persiste
Para ser usado e descartado.
E é essa eterna troca que persiste
E que nos é permitido criar.
A massa de tudo que insiste em ser
Isso tudo que precisamos para sonhar.

O ar que me adentra o peito
É o mesmo que você respirou.
A paisagem que me alegra a alma
É a mesma que você olhou.
Então por que não, nessa hora,
Sermos um só sonhador?
Não, isso não pode ser!
Os sonhos são únicos.
E são a única coisa que de fato nos pertence.
São as nossas criações.
São aquilo que nos fazem deuses!

Mas que deuses são esses?
Que precisam da criação em que vivem para formar a sua própria criação?
Que tomam emprestado até mesmo isso!
Pequenos deuses, que não criam.
Só especulam.
E especulando vão formando a negação.
Mas como negar essa eterna exigência?
Que é a nossa condição?

Nega-se sonhando.
Eis a liberdade.
Sonha-se com o voo, atrás das grades!
Mas não há cárcere que possa prender.
Não há medo que possa tolher.
Não há tristeza que possa encolher.
A capacidade de sonhar e de se ater
A tudo que liberta o homem de sofrer.
Por que o homem é livre sem o saber.

É livre para negar
É livre para escolher
É livre para amar
É livre para se prender.
Não há nada que o sustente
Não há nada que o limite.
Só isso, a liberdade.
Mesmo que em sua forma ela seja condicionada.
Ela é a condição que liberta.
Que condena mas que não julga.
Pois se julga, impera.
E se impera, sufoca
E se sufoca, não liberta.

Eis o ciclo a que estamos condenados.
Incondicionalmente, condenados.
Formalmente ameaçados
O tempo todo açoitados
Por essa força que nos empurra.
Ao longo do imprevisível
É lá que se encontra, sempre,
Aquilo que nos definirá.
E que nos marcará.
No infinito.



Felipe Ribeiro.




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