terça-feira, 28 de abril de 2009

Da indiferença da coragem.

Ser é querer... Quando não se quer não se está em si. Isso explicaria muito a maior parte do meu tempo, do seu tempo, do nosso tempo. O tal do sacrifício para uma vida feliz não faz o menor sentido se não for querido. No entanto o que mais vemos são pessoas decepcionadas, insatisfeitas e constrangidas por serem tão infiéis ao seu próprio bem. Aí se encontra um outro tipo de problema: O de não saber o que querer. Isso, em minha opinião, é processual, efeito de uma causa bastante cruel, mas que naturalizamos a tal ponto em nossas vidas que sequer pensamos que possuimos: O medo. A disciplinarização meio que forçada pela naturalidade da ignortancia de nossos anseios nos transformou paulatinamente em pessoas receosas, indiferentes às próprias vontades e projetos. O que de fato levaria uma pessoa a colocar por 8 horas seguidas por dia a sua bunda numa cadeira pra ficar ouvindo reclamações de pessoas insatisfeitas senão o medo? Medo da mudança, de sair por ai, de pensar... Preguiça? Não, apenas uma grande dose de intolerancia para com sua capacidade, apenas uma dose de indiferença à sua necessidade mais elementar, essencial... E assim vamos nos esquecendo daquilo que nunca fomos para nós mesmos, talvez só em pensamentos ou em devaneios diante da brutal realidade da escravidão dos sentimentos perversos de caráter duvidoso, egoísta e simples... Cíclico e razo, vazio e insassiável. O que te faz querer, o que me faz querer, o que nos faz querer? O que é querer senão atender a vontade da coragem que grita constantemente dentro de você, de mim, de nós? Do bom senso, da paz interna em saber que isso tudo ao qual estamos sujeitos, e pelo qual não fazemos respeitar a nós mesmos, não passa de vazio, de totalitarismo da vaidade e do orgulho?
Saibamos atender o que mais queremos. Saibamos ser isso tudo que queremos ser... E eu acredito, ainda, que o que todos querem é o próprio bem. Porém, esse mesmo bem foi desvirtuado e confundido com egocentrismo. Vivemos por que estamos em relação, caso contrário comeríamos os olhos uns dos outros, ainda que esta realidade não esteja muito longe de acontecer literalmente. Queiramos então viver corajosamente a nossa humildade em reconhecer que não somos nada se não somos tudo uns com os outros.


Felipe Ribeiro

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