Ora muito bem, estava eu deitado na cama lendo um livro, senão me engano "O homem duplicado", de José Saramago, quando me deparei pela primeira vez com uma daquelas verdades universais que te arrebatam por alguns segundos e que te deixa sem fala, sem ar e completamente embasbacado. Essa verdade universal me apanhou de surpresa, sem querer, e se baseia numa coisa simples que até então eu não havia me tocado: Como um livro pode ser tão importante para mim! Essa verdade universal se demonstrou ser, afinal de contas, uma coisa muito particular, mas tudo bem, é a minha verdade universal e ninguém tasca! Bom, o raio que me atingiu a consciência aconteceu de madrugada, no meio de uma insônia brava e numa fase de minha vida em que o tédio era derrubado a golpes de "livradas". Eu sempre tive a companhia dos livros, sempre fui apaixonado por eles e para sempre, assim espero até durar minha vida, lerei um bom livro. E numa dessas observações a respeito das minhas leituras cheguei a conclusão simples de que um bom livro é aquele que te traz algum alento, aquele que te incomoda de certa maneira e que te absorve por completo, faz você fugir de si mesmo e se encarnar em outro personagem, em outro contexto, em outra situação, em outra vida enfim. Para tanto não é preciso que o escritor escreva bem, que saiba todas as regras gramaticais, mas simplesmente escreva com paixão, com sentimento, seja ele de qualquer espécie, seja triste, alegre, irado, mas que seja sincero, autentico e que nos faça acreditar a tal ponto que possamos sentir pena, alegria ou mesmo ira. É uma troca... O livro esta ali, a espera da fatalidade que só os vivos podem causar, mas quando há essa troca o livro surge como um sujeito vivo que interage e te faz mudar interiormente, te faz mover uma força oculta que nem você mesmo sabia existir em si. É por isso que talvez Voltaire uma vez disse, o que por acaso eu li em um livro que não me lembro o nome agora (mas o que importa esquecer-se do nome se o que você tira dele vai te acompanhar para sempre? É assim também com algumas pessoas...): "Um livro aberto é um cérebro que fala; fechado, um amigo que espera; esquecido, uma alma que perdoa; destruído, um coração que chora". Afinal de contas o livro é escrito por pessoas de carne, osso, sentimentos e intenções; pessoas que deixam ali sua marca, seu diagnóstico do mundo, de si e de tudo, para sempre até durar o interesse das outras pessoas, de uma pessoa que seja, contanto que tenha a bondade de doar a eternidade para quem escreveu.
Felipe Ribeiro
sexta-feira, 26 de março de 2010
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