sábado, 8 de dezembro de 2012

A reserva.

Há uma reserva em todos nós que aparece às vezes como a última força ou maneira de continuar. Quando se chega nessa reserva nós nos reservamos de nós mesmos. Nós colocamos de lado tudo aquilo que carregamos como reconhecimento daquilo que somos, pelo menos para nossa própria compreensão daquilo do que de fato somos para nós mesmos, para vivermos no limite doce e incompreensível do insondável e tênue destino. É o ponto em que não delimitamos aquilo que queremos como sendo o caminho, mas o próprio caminho como sendo o delimitador daquilo que colocamos como querer. É viajar apenas olhando a paisagem sem se preocupar com a ida e com a chegada. É reservar o direito de se encantar ao menos uma vez e deixar extinguir tudo o que nos prende ao hábito maldito de estar certo o tempo todo para com aquilo que se quer ser ou fazer ou crer. Somos ardilosamente tiranos de nós mesmos quando delimitamos tudo o mais por nossos gostos, por nossos saberes, por nossas sugestões medíocres e sem sentido. É nessa reserva que deveríamos nos colocar. Naquele ponto quase intocável da nossa mente ou do nosso coração em que sabemos de fato o que fazer, apesar do grande medo, do grande receio habitual que nos impede de tentar. É ali, ou é quando, que um dia todos e suas consciências vão se encontrar e se perguntar: Continua com isso ainda?


Felipe Ribeiro



Um comentário:

Velharia disse...

Assim temos um texto bom, leitura fluida, algo que realmente gosto de ler. Muito bom Doutor, continuarei lendo. Boa noite e tudo de bom nessa vida.