Eis que me deparo com a sala de aula vazia e escura.
Ora, até ai nenhuma surpresa, cheguei trinta minutos mais cedo, completamente embriagado por uma mistura de desespero, sufocamento, desinteresse, depressão e, via de regra, alcool. Como disse, até ai nenhuma surpresa, sempre me sinto assim, ou pelo menos nos ultimos 5 anos. Escorei minha cabeça na carteira e fiquei esperando o horário da aula, sentado nos fundos da sala daquela faculdade pública.
A porta da sala se abre e surge uma figura feminina na escuridão. Ascende a luz e me olha.. nos olhamos. Ela ascena com a cabeça e eu com os olhos. Ela se senta nos fundos da sala ha algumas carteiras de distancia de mim. Nem dou moral, ela é uma amiga tranquila que conversa na hora que bem lhe entende e não tem frescuras; eu também não queria papo, por isso a cena toda é um grande túmulo: eu de um lado, escorando minha cabeça na carteira; ela de outro examinando suas unhas por fazer.
Derrepente ela se levanta e chega até a mim. Se agacha ao meu lado e diz:
- Força Felipe... A linha é tênue, voce tem que ter força...
Não sei ao certo, mas tudo o que ela me disse naquela hora fez todo o sentido. Ela ainda continuou:
- Eu já vi a cara do monstro, a linha é tênue, tenha força... O monstro esta sorrindo sempre Felipe, não de essa chance a ele!
Novamente fez todo o sentido... Agradeci com os olhos a minha amiga, me levantei e matei a aula. Fui até um bar e bebi até cair. Passei a noite na rua e, de uma maneira estranha, senti toda a paz do mundo, ou pelo menos toda a paz que um homem no auge dos seus 22 anos poderia suportar.
De onde vinha aquela força? De onde? É, ela tem toda a razão... a linha é realmente tênue...
Felipe Ribeiro
domingo, 12 de outubro de 2008
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