Diante do calor escaldante da tarde de uma segunda-feira...
Diante do tédio que me enchia suportavelmente...
Diante de tudo que não há graça alguma no mundo...
Diante do artificial...
Do banal...
Do insulto...
Encontrava-me sozinho...
Absurdamente só...
No mais absurdo dos lugares...
Um ponto de onibus.
Estava sentado, olhando tudo sem ver nada...
Quando derrepente fui laçado por um cheiro...
Um cheiro suave... doce
Um cheiro que, se pudesse caminhar, seria lento...
Silencioso, sutil...
E cheio de vida e fogo...
Segui meu nariz e vi...
Esfreguei os olhos e revi...
Jurava que até aquele momento não acreditava em fadas...
Ou alguma criatura mágica do genero.
Mas... Sim, porque não? Havia magia...
E só o cheiro poderia contar por si que aquilo estava no lugar errado
Não poderia ser desse mundo... Ou daquele lugar.
Uma moça... Cabelos negros, ao estilo channel...
Cabelos lisos, finos... brilhantes de um negrume espelhado...
Um nariz fino e um pouco grande contrastava lindamente com seus imensos olhos negros cheios de lápis preto que terminava com um desenho fino no canto dos olhos...
Usava um vestido vermelho... Só disso que me lembro, realmente não prestei maior atenção a suas roupas ou indumentarias...
Se sentou ao meu lado...
Com certeza minha cara estava abobada...
Com certeza minhas pupilas estavam diltadas...
Com certeza minha boca estava entre-aberta...
Mas.. que se dane...
O mais interessante é que ela me olhou...
Me olhou! Não poderia acreditar...
Nessas horas voce se sente atingido por uma noção bastante verdadeira de existencia própria...
E ao mesmo tempo voce quer existir...
Onde, quando? Pouco importa... voce só quer existir... para aquilo tudo...
Sorriu...
Pra quem?
Pra mim? Não pude acreditar...
Se levantou e fez um sinal com a mão...
Subiu no onibus devagar...
Era ela uma serpente? Ou uma gata? Realmente não se ouvia seus passos...
Rebolava de leve... Seus quadris hipnotizavam...
E suas coxas ficaram expostas por um milesimo de segundo...
Mas fora o suficente para me lembrar para sempre...
Daquele calor
Daquele calor...
Felipe Ribeiro
terça-feira, 21 de outubro de 2008
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