domingo, 28 de dezembro de 2008

A brisa

Por tudo aquilo que não ousei,
Por tudo aquilo que me fez desistir
De mim, de tudo...
Digo-lhes: Não foi em vão.
Tudo me deu forças,
Tudo me arrasou,
Tudo me tornou nada,
Tudo...
E, ainda estou aqui,
Na ativa, quem sabe?
Para que, vai saber!
Destruir o que sobrou?
Recriar o que acabou?
Sofrer pelo que ficou?
Vai saber!
A questão é que ainda estou aqui.
E sinto o tempo passar,
Passar como se fosse uma brisa,
Passar como se fosse o rabo de uma gata no meio de suas pernas.
Sinto-o leve, bem leve.
Talvez por saber que o intervalo que me resta
Seja apenas mais um intervalo aberto
Móvel e fresco na medida em que se queira...
E, por tudo ainda que há de vir,
Por tudo ainda que não sofri,
Mesmo que tenha aquela leve impressão de que vai ser a mesma coisa,
Por todo esse tédio que me come pelas pernas
Por tudo isso é que eu digo: Bem vindo.
Enche-me de algo, ainda que seja brisa,
Mas encha-me...


Felipe Ribeiro

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