sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Baboseiras de uma tarde de domingo.

Enfim, era um dia como outro qualquer... Levantei cedo, lá pelas três horas da tarde, peguei algumas moedas para ir até o mercado comprar uma aspirina pra minha bruta ressaca de dois dias... Claro, também queria colocar alguma coisa na barriga, o que fez com que a busca por mais moedas durasse mais uma hora e meia. Enfim, sai de casa para ir ao mercado. A rua estava vazia, a não ser por um homem que ia na mesma direção que eu, um homem negro, forte, sem camisa, só de bermudas, chinelos e uma lata de cerveja numa das mãos. Até ai tudo bem, o que me chamou a atenção foi um muleque de seus 12 anos andando numa velocidade absurda em sua bicicleta xingando todo mundo por quem passava fino. Passou por esse homem e o chamou de angolano, veio pra cima de mim com a bicicleta na fina, não sai do lugar, me chamou de viado. Bom, neste sentido alguma coisa me subiu a cabeça, talvez raiva ou algo do genero, mas algum comando me fez dar um chute na roda traseira da bicicleta do garoto. Nem vi o que aconteceu, não virei pra olhar, mas ouvi o barulho do ferro da bicicleta estourando no asfalto... depois um grito, depois um choro e depois mais alguns xingamentos, dessa vez dos tipos "filha da puta, corno, desgraçado". Onde foi que ele aprendeu tal vocabulário, na escola? Enfim, cheguei a conclusão de que não era comigo e continuei meu caminho. Ao voltar pra casa o garoto ainda estava na rua chorando. Pude ver o estrago, bom, foi pouco, merecia mais, mas pra ele tava bom. O garoto chorava e pagava de santo na frente de sua casa. Quando me viu chegando apontou pra mim e chamou pelo pai. Pensei, poxa, até que enfim um pouco de diversão. Engoli essas palavras ao ver o tamanho do sujeito. O cara era enorme! Respirei fundo, alguém tinha que fazer alguma coisa! Fiz o que estava a meu alcance, me virei e corri, corri o máximo que pude. O pai do pequeno filho da putinha estava de moto, logo me alcançou. Pulei um muro na tentativa de escapar dele, mas não deu muito certo, ele me puxou pelas calças e me arrastou pra baixo. Depois disso não me lembro bem quantos socos levei, ou o quanto a minha honrada mãe foi injustiçada, só sei que a dor de cabeça que tinha por conta da ressaca havia sumido, dando lugar a uma dor aguda no nariz que me fazia lacrimejar toda vez que tentava respirar. Voltei pra casa com apenas um olho aberto, passei pelo garoto da bicicleta, ele sorria e apontava o dedo pra mim. Pensei, o que é um peido pra quem já esta cagado? Dei-lhe um cascudo e um pontapé na bunda. Nem precisa falar que sai correndo pra casa antes mesmo de o garoto reclamar com o pai outra vez. Cheguei em casa, tomei a aspirina, comi os dois pães que pude comprar; fui ao banheiro e limpei minha cara, ou o que havia sobrado dela. Neste dia cheguei a conclusão de que nem sempre os mais fortes ou os mais justos vencem nesse mundo. Um mundo meio injusto, não acham?


Felipe Ribeiro

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