domingo, 24 de maio de 2009

Conversas pra boi dormir, parte 5.

-Escuta aqui eu não quero criar caso! Você pegou ou não na bunda da minha mulher?
Olhei bem pra onde o sujeito estava apontando. Era uma loira linda, coxas grossas, firmes, seios medianos, rosto diabolicamente angelical.
-Olha... Não tive essa sorte... ainda...
-Escuta seu bosta, quero saber quem foi que pegou na bunda dela!
-Por que heim, quer que ele pegue na sua bunda também?
Nisso o pessoal começou a rir. O sujeito ficou puto. Me deu uma gravata e disse:
-Repete seu filho da puta!
Bom, não dava pra repetir, eu tava ficando roxo e sem ar. Enfim alguém colocou a mão no ombro do cara e o acalmou. Me desvencilhei dele e voltei a sentar no sofá.
-Quem foi que encostou nela!?
O cara era um babaca. A mulher estava quase estourando pelo tanto que ele inflava seu ego. Ela gostava de confusão e acho mesmo que ninguém encostou na bunda dela. O pessoal lá era de paz, não eram folgados a esse ponto. O cara só veio tirar satisfação comigo porque, penso eu, tenho cara de tarado e sou muito fraco pra tentar bater nele. Enfim, ele continuou com o interrogatório.
-Quem foi que encostou nela?!
O anfitrião tentou acalmar o cara. Não deu muito certo. Enfim o cara apontou o dedo pra mim e disse:
-Você tá fodido! Você tá fodido!
-Porque você não pergunta pra ela? - Sugeriu uma das moças que estavam na festa.
A loirona disse que não sabia, mas tinha certeza que pegaram nela assim que eu sai da cozinha e passei por detrás dela. Bom, o apartamento estava cheio de gente, poderia ser qualquer um.
Dei de ombros e continuei bebendo a cerveja. Ele e sua mulher tesuda sairam do apartamento onde estava rolando a festa. Um amigo meu me perguntou se eu estava bem, respondi que sim. Todos me olhavam como se eu estivesse a beira da morte. Era pra eu me sentir assim, um condenado? Enfim, deixei pra lá. Um relacionamento assim, movido ao vampirismo de uma mulher que se alimenta de ciumes e orgulho de ser protegida, merece toda a minha pena.


Felipe Ribeiro

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