sexta-feira, 8 de maio de 2009

Regina

Regina foi uma das minhas melhores fodas. Ela era uma moça alegre que tinha ataques de risos, verdadeiras explosões de gargalhadas que geralmente eram tidas logo depois que ela falava algum absurdo. De fato, nunca vi ninguém dizer tantos absurdos como a Regina. Mas isso não fazia com que ela merecesse menos consideração. No fundo a maioria de seus absurdos fazia todo o sentido se se pensado e analizado anos depois, com outra cabeça. Nada tirava aquele sorriso insano de sua boca, nada fazia com que ela tremesse, nada podia tomar conta de seus impulsos. A gente geralmente conhece uma pessoa pelo impulso que ela deixa escapar, e todo o impulso que Regina tinha era ou para o bem do próximo ou para a loucura exagerada do belo. Ela deveria ser uns 4 anos mais velha do que eu. Ela sabia das coisas, sabia muito bem o que queria e não queria muito, só ser feliz no momento presente. Isso fazia dela uma moça muito espontânea e quando algo impedia ela de ser feliz ela fazia como a água: Contornava tudo, infiltrava nas brechas, nas fendas que existiam nos problemas que possibilitavam algum escoamento para a sua ambição de ser feliz. Ela enfrentava o problema pra ser feliz, isso é o que um guerreiro faz. E assim como a água a Regina secou. Encontrei-me com ela alguns anos mais tarde, talvez uns 8 anos, não sei, e pra minha desagradável surpresa ela havia mudado. Não sorria mais com o mesmo brilho, não gritava mais de alegria e saia correndo como uma galinha sem cabeça ao encontro dos amigos, não dizia mais absurdos! De fato isso é que era um absurdo. Sua fala era seca, simples e, pior de tudo, coerente, tristemente coerente. Havia menos utopia no seu tom de voz, havia menos ambição de ser feliz no momento, naquele momento, em qualquer momento ouso dizer. Ela tinha casado, estava com dois filhos mas não parecia que isso a fazia feliz. Parece mesmo que o tédio da vida com começo meio e fim certos tinha tomado conta de seus impulsos. Fiquei triste por ela. Regina, a mulher que trocou o colorido pelo cinza, o belo pelo trivial...

Felipe Ribeiro

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