terça-feira, 25 de agosto de 2009

A angustia do belo.

Lá estava a garota que vivia fazendo pose.
Sua cara era carregada de maquiagem,
Seu sorriso carregado de desespero.
Mas nem por isso ela perdia a maldita pose.
Parecia uma fotografia, vivia com o mesmo tom,
Com a mesma crina, com a mesma ilusão.
Andava ereta, empinada, mostrando tudo o que tinha.
Mas nem tudo era de fato tudo.
Tudo nela gritava socorro.
Tudo nela queria ser.
Só ser, autenticamente.
Maquiagem, roupa da moda, bijuterias, perfumes...
Ela vivia trabalhando com os sentidos,
Com os instintos alheios...
E só.
Nisso se baseava toda a sua existencia.
Um grande imã de sentidos.
De olhares, de desejos, de vontades.
Tudo nela girava em torno disso.
De impulsos orgiásticos, nervosos, inquietos.
Era nisso que ela procurava dar o seu melhor.
Era nisso que ela depositava todo o seu poder.
Era nisso que ela não poderia deixar de viver.
Era nisso que ela se prendia.
Cada vez mais dependia disso.
Cada vez mais gostava disso.
Cada vez mais morreria por isso.
O mundo era uma grande passarela para ela.
O mundo era a sua vitrine.
E ela posava para o mundo.
E como todo astro ficava parado.
E o resto todo a girar em seu redor.
Era pelo menos nisso que ela acreditava tão seriamente,
E era pelo menos nisso que ela sangraria eternamente.
Todos os olhares...
Mas nenhum toque.


Felipe Ribeiro

Nenhum comentário: