terça-feira, 23 de setembro de 2008

Imaculada

A maldição dela se resumia a uma beleza estonteante
Que deixava a maioria dos homens plenamente cegos
E tudo o que ela queria era ser enxergada...
Isso resumia toda a sua aflição...
Saber que é, mas não poder mostrar
Sem que antes passe por um crivo animalesco
Do descompasso das paixões instintivas
Dos amores da carne
Dos vermes sedentos pelo suor e pelo gozo
Da firula do belo e do razo.
Ela exalava o cheiro da beleza
O cheiro digno de qualquer mulher
Aquele cheiro suave e forte
Que fica no ar onde quer que ela passe
E tudo o que ela queria era que alguém sentisse o que o cheiro trazia
E não apenas cheirar e se deliciar
Mas antes queria que ouvissem seu apelo
Seu suplicio era gritar e não ser ouvida.
A beleza a fez invisivel de certa maneira
E por mais que ela pudesse ter tudo o que queria
Sempre se deparava com a insatisfação e solidão
De não ser tocada verdadeiramente.
Apesar de sua carne já o ser descortinada
Sua alma ainda o era virgem
De toda a razão.


Felipe Ribeiro

Nenhum comentário: