segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Você.

Você é toda a circunstancia, e não o sabe.
Você é todo o acaso que por ventura há de acontecer, e não o sabe.
Você é o que ainda não foi, o ocaso.
E essa certeza o impediria de ser enquanto se é o incerto?
O certo é que deixaremos de ser...
Ser o que?
Justamente!
E o que garante que deixaremos de ser, se ainda não o somos?
E enquanto isso brindamos, choramos, nos orgulhamos e nos decepcionamos.
E quem sabe, entre um e outro vivamos enfim.
O "pra que" circunscrito de vontades.. efemeras em suas solicitudes,
Banais na medida em que se queira,
Infieis na medida em que desapontam.
Voce é sim toda a circunstancia, e não sabe.
E talvez por não saber você enfim se esquece de si
E transmita a outrem apenas aquele ser oco
Igual, irrefletivel, passageiro.
E ainda assim consegue alimentar pequenas angustias,
hipotecas, contas, filhos, doenças, vícios...
ritos que insistem em chamar de vitais e necessários...
A quem? Para quem?
Sim... voce é toda a circunstancia...
Sim... voce é todo o acaso que por ventura há de acontecer...
E não o sabe...
Assim, serás o ocaso antes mesmo de o sê-lo.
O membro fantasma que voce sente mas sabe que ali não esta...
E com isso perderá a oportunidade que talvez pertença somente aos bravos.
Ou... a você.



Felipe Ribeiro

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