sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Gelo na brasa.

As horas, os minutos, os segundos...
Escorriam como lesmas...
Sentado estava ali...
Consumido pela dor, pelo ócio...
Pela falta de esperança...
Pelo dócil...
Pela simples cumplicidade solitária.
Passavam-se as horas como lesmas apressadas.
E o bar se enchia de mais e mais seres...
Seres da mesma estirpe...
Com suas navalhas, suas mágoas...
Prontas para cortar...
O primeiro que quebrasse o silêncio...
O primeiro que quebrasse a solidão.
E lá estava eu... Quebrado, consumado;
Expurgado...
Claro.
Como a luz e a escuridão...
Frio.
Como a dúvida...
Quente.
Como o coração.
Esse ainda insistindo em bater...
Como batia a minha cara nas portas...
Como pendiam minhas promessas...
Como morriam secas as virtudes...
Como escorriam as águas tortas...
Do jogo das tristes festas...
Que eu jurava ser.


Felipe Ribeiro.

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