sexta-feira, 27 de março de 2009

No escuro da tarde.

Não consigo tirar os olhos da parede.
Sei que ao seu lado tem uma janela.
E fora da janela há uma vista.
E eu fujo dela.
Estou em frangalhos.
Nem meu vício me reanima.
Perdi a teia dos fatos.
Estou a deriva.
E lá fora esta a vista.
Pessimista ou otimista.
Esta lá fora.
Converso com meus medos de outrora.
Eles me definham cada vez mais.
E não posso ter acesso ao que sou capaz.
Pois já me esqueci do que era.
Já me esqueci do que fui.
E do que me faz.
Talvez nunca me vi.
Talvez nunca escolhi.
Talvez sempre fiquei a deriva.
Desse grande fluxo da loucura.
Do amor, da paz, da ira.
Coisas que nunca estive a procura.
Ou que talvez já tive contato e perdi.
Perdi na memória do fato.
No ato, no contato, no obstáculo.


Felipe Ribeiro

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