Andei brincando com a minha dignidade.
Tiro ao alvo.
Acertei-a bem na testa.
Do sangue que jorrou só restou a casca.
Seca, preta, fétida.
E da crosta veio o nada.
Cheio de cor, som, sabor...
Cheio de amor, surpresa, encanto
E tédio.
Tédio em cima de uma casaca vermelha.
Com pequenas bolinhas verdes.
E de longe se ouvia uma gargalhada,
Feminina, hedionda e satânica.
E de perto se via as luzes em redor
Se movendo pra lá, pra cá...
Me deixando cada vez mais tonto.
Não havia nada ao que se agarrar,
Estava consumado, todas as luzes,
Todos os sons, todos os cheiros.
Da crosta surgiu o nada
Carregado de cores, de amores
De feições rídiculas, vazias.
E de longe, só de longe.
Se via o que escapava.
E era quase que tudo
Dentro de um vento, de um ventre.
Estava mudo.
Nem mais gritar poderia.
E logo a garganta acumulou o susurro.
E o fundo veio como uma pedrada.
Da crosta fria e dura, quebradiça.
Surgiu o nada.
E do nada, veio a mim o fundo.
E o fundo veio como uma pedrada.
Bem dada.
No mundo.
Felipe Ribeiro
sexta-feira, 6 de março de 2009
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