Ela fazia de um tudo pra não ser enxergada. Ele por sua vez, não ficava atrás. Ambos ali ficavam calados, parados, esperando a chuva do lado de fora da janela ou algum barulho para puxar, quem sabe, algum assunto. Assim descobriram que só havia o tédio, como se soubessem que o mundo não mais mudasse naquele momento. E, nessas circunstancias, ambos assumiam o compromisso de não esperarem mais nada um do outro, nem mesmo de si mesmos. Bebiam prostrados, de frente um para o outro. Ela com seu cigarro, ele com seu copo de plástico sujo de vinho barato. Ai veio o olhar, logo em seguida as sombrancelhas dele ergueram-se como se disessem "então, é isso?". Ela deu um leve sorriso e uma leve balançada de cabeça como se afirmando "Sim, é isso." Ele então deu de ombros, concordando com aquilo tudo. Ela virou o olhar para o lado, para a parede, para o nada, esperando ele olhar para outra coisa. E assim o fez. E assim acabou-se a noite, a oportunidade, a mudança, a possivel catástofre ou, quem sabe, o milagre que eles tanto procuravam um para o outro.
Felipe Ribeiro
sexta-feira, 13 de março de 2009
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Um comentário:
uau! ler isso nesse momento foi de tirar o fôlego!!
Tô me sentindo realmente "xic" por ter um amigo escritor e que logo vai parar no meu "quem sou eu" (já que não escrevo, me aproprio de palavras alheias para expressar-me).
Mas juro que coloco referências bibliográficas!!
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