quinta-feira, 21 de agosto de 2008

E no sexto dia...

Olha lá, olha lá! Vai bater! - o menino me disse.
É... vai bater... - eu disse.
Nossa! Bateu! - o menino disse.
É... bateu... - Eu disse.
Alguém liga pros bombeiros! - o menino gritou.
... - eu disse.
Meu Deus! Que tragédia! Não, não mecha na cabeça dela! - Uma senhora disse.
Fique quieta, os bombeiros já estão vindo! - o menino disse.
... - eu disse.
Os bombeiros chegaram! Fique calma! - a senhora disse.
Afastem-se! - o bombeiro disse.
AHHHH AIIAIAIAIAI AHHHHHHHH, MINHA PERNA, AHHHH! - a mulher disse.
Então o carro dos bombeiros saiu em alta velocidade. Então todos voltaram para os seus afazeres. Eu fiquei ali, olhando aqueles pedaços de plásticos e vidros estilhaçados misturados ao sangue no asfalto.
Me virei, sentei e esperei o ônibus no ponto. Voltei minha atenção para a pipoca que eu deixei de comer para ver o acidente. Perdi o apetite e dei a pipoca para o menino que ainda estava agitado com o acidente.
Obrigado! - o menino disse.
Tudo bem. - eu disse.
E no mesmo instante o menino esqueceu do acidente, devorando com prazer a pipoca. Assim como Deus descansou no sétimo dia. Cada um escolhe o que lhe é melhor, não foi sempre assim?


Felipe Ribeiro

5 comentários:

Dinah Cardozo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dinah Cardozo disse...

O fato é que sim... "dancem macacos, dancem!" You know??

É basicamente isso. E o espetáculo continua... com ou sem razão, ele apenas continua...

SD disse...

Não foi sempre assim! No princípio, vingava o determinismo régido e impiedoso das mãos divinas! Depois veio Freud e subjugou nossa vontade...

Pergunto-me contigo... somos dominantes ou dominados pelos fatos? Ambos? Em que momentos temos maior ou menor grau de responsabilidade por nossas ações e escolhas?

Lobo solitário e desdentado disse...

No momento em que escolhemos agir por inquietação, e não agir por um sentimento comportamental de status.. como o médico que age como um médico quando se depara com uma pessoa doente que seria o caso X ou Y...

Nathália Jacob disse...

Somos responsáveis por nossas ações.
Nossas palavras e olhares.